Blogueiro: Wellington Melo
Ilustres botafoguenses seguidores do blog, a polêmica declaração do jogador Emerson Sheik, atleta que atualmente defende o glorioso Botafogo, sobre a Confederação Brasileira de Futebol "CBF, você é uma vergonha!", foi motivo de julgamento que durou mais de 1h30 no STJD, na última segunda-feira. O jogador, pegou suspensão de quatro jogos
(pena mínima) apenas por ofensas ao árbitro Igor Junio Benevenuto.
"Quando cheguei aqui, vi um monte de engravatados querendo me enforcar. Mas me surpreenderam porque conseguiram dar um passo à frente, principalmente em relação ao futebol, preservando a democracia", desabafou Emerson após o julgamento.
"Quando cheguei aqui, vi um monte de engravatados querendo me enforcar. Mas me surpreenderam porque conseguiram dar um passo à frente, principalmente em relação ao futebol, preservando a democracia", desabafou Emerson após o julgamento.
O Emerson Sheik teve coragem e personalidade como atleta profissional para expressar sua indignação e falar o que pensa sobre a entidade que comanda o futebol brasileiro.
- Ou será que Jogador de futebol tem que ser alienado, burro e politicamente idiota? - Nada disso!
Naquele momento, o Sheik representou a opinião da maioria dos torcedores botafoguenses e de muitos brasileiros. Ele falou com a autoridade de quem atua no futebol há muito tempo e, com certeza, sabe muito dos bastidores podres da CBF e de seus aliados. E falar de aliados da máfia do futebol, significa incluir muitos dirigentes de clubes, integrantes da comissão de arbitragem e seus comandados, alguns dirigentes de federações, setores da grande mídia nacional, alguns políticos e organizações criminosas que atuam a serviço da corrupção e do "arrumadinho" extra campo que envergonha o nosso futebol.
São muitos os escândalos que envolvem a Confederação Brasileira de Futebol e seus dirigentes. O ex-jogador Romário e atual Deputado Federal, é outra personalidade influente no meio político e do futebol que bate de frente com a instituição que comanda o futebol nacional e defende uma apuração nos desmandos administrativos e de corrupção dentro da CBF. O Deputado Romário luta no congresso nacional pela implantação de uma comissão parlamentar de inquérito para apurar todas as denúncias que recaem sobre a CBF, o ex dirigente Ricardo Teixeira e os atuais mandatários da instituição. No entanto, o poder da CBF é tão grande no congresso nacional que existe uma bancada de Deputados, exclusivamente, dedicados a defesa dos interesses daqueles que comandam o futebol brasileiro. Isso é uma vergonha!
É preciso abrir a caixa preta e milionária que existe na CBF.
Para melhor esclarecer aos seguidores do blog sobre o assunto, pesquisei sobre o tema e encontrei duas matérias importantes que falam sobre corrupção e escândalos no futebol. O renomado Jornalista britânico Andrew Jennings denuncia vários casos de corrupção envolvendo a FIFA, a CBF e seus dirigentes. Leiam a seguir a reprodução das matérias.
Antes vejam o vídeo com o posicionamento do deputado Romário sobre a CBF.
O repórter que acabou com a roubalheira de Havelange e Teixeira não é brasileiro, e isso conta muito sobre a mídia nacional.
Andrew Jennings, jornalista britânico, combate o bom combate quando o assunto é corrupção.
Recentemente, num artigo sobre transparência no esporte, Jennings
citou uma grande frase do barão da mídia Lorde Northcliff: “Notícia é
tudo aquilo que alguém não quer que seja publicado. O resto é
publicidade.”
Cabelos brancos, lépido ainda aos 68 anos, escocês desde cedo
instalado em Londres, Andrew Jennings é o maior jornalista investigativo
do mundo na área do futebol.
São fruto do trabalho persistente, obstinado, brilhante de Jennings
as denúncias que você leu sobre as milionárias propinas recebidas por
Ricardo Teixeira e João Havelange ao longo de muitos anos pelas mãos de
uma falecida empresa de marketing esportivo chamada ISL.
Ontem, João Havelange foi notícia ao renunciar a seu cargo de
presidente de honra da Fifa porque a Fifa, essencialmente, reconheceu todas as denúncias de Jennings.
Elas estão contidas num documentário de 30 minutos passado, no final
de 2010, na BBC. É uma lição de jornalismo, além de uma peça formidável
na luta contra a corrupção no futebol.
Vale a pena interromper a leitura para ver esta lição de jornalismo.
Jennings simplesmente irrompe com suas perguntas francas,
desconcertantes, certeiras. Seu jeito clássico de agir é ficar à
espreita de algum personagem do mundo sujo da Fifa e aparecer
subitamente diante dele com suas questões diretas, feitas num tom
suave, elegante e direto.
Uma vez, Jennings esperou num aeroporto a chegada de Jack Warner,
então vice-presidente da Fifa, envolvido em múltiplos casos de
corrupção. Warner está andando em direção ao carro quando Jennings o
aborda. Um cinegrafista está filmando.
“Se eu pudesse cuspir em você, eu cuspiria”, diz Warner.
“Por quê?”
“Porque você é um lixo.”
Antes que Warner entrasse no carrão que o aguardava, Jennings faz mais uma pergunta sobre propinas.
“Pergunte à sua mãe”, diz Warner.
“Bem, eu até que gostaria, mas minha mãe está morta”, responde, com bom humor e sempre no mesmo tom de voz, Jennings.
Jack Warner acabaria, pouco depois, afastado da Fifa, sob o peso das
denúncias de Jennings. “Renunciou voluntariamente”, segundo a Fifa.
Você vê Jennings em ação, compara com o que vê na mídia brasileira e sente vontade de chorar.
Por que nenhuma grande empresa jornalística no Brasil levou aos
brasileiros o mundo abjeto, corrupto, cínico da CBF de Ricardo Teixeira e
João Havelange?
Nos dois anos passados desde o magnifico trabalho de Jennings na BBC, nada se fez no Brasil.
Entendo que a Globo não faria nada, dada sua ligação suja com a CBF, com Havelange e com Ricardo Teixeira.
Mas e Folha, por exemplo, o que fez para investigar?
A Globo aparece,
nominalmente, na papelada jurídica relativa a pagamentos à ISL. Era a
partir da ISL que o dinheiro acabava indo parar na conta de Havelange e
Teixeira.
Circula na internet uma fala de Merval Pereira sobre a saída de Ricardo Teixeira da CBF.
Nela, Merval – exemplo de homem público, segundo Ayres Brito, hahaha – lamenta o ocorrido com Ricardo Teixeira.
Em conversas com amigos – leia-se ele mesmo, Merval – Teixeira, ficamos sabendo por Merval, está atormentado, e se sente injustiçado.
Disse Merval:
“Teixeira se revelou a amigos angustiado mesmo foi com o fim de
seus sonhos. A realização da Copa do Mundo no Brasil era o sonho de
Ricardo Teixeira para chegar à Presidência da Fifa, o reconhecimento
público de seu trabalho era uma ambição que alimentava.
Achava que, finalmente, iriam dar valor ao que fizera nesses 23 anos à frente da CBF.
Na nota de renúncia, ele abordou o tema dizendo que suas vitórias foram subvalorizadas e os erros superdimensionados.
Não tinha mais interlocução com a Presidente Dilma Rousseff, e nem
com o Presidente da Fifa Joseph Blatter. E via a cada dia os trabalhos
para a realização da Copa mais e mais atrasados.
Temia que a culpa final recaísse sobre ele, tinha medo de se transformar no bode expiatório dos dois lados, governo e Fifa.”
A culpa, vemos em Merval, era do atraso das obras. E pobre Ricardo Teixeira, hoje com vida nababesca em Miami, frustrado em seus sonhos.
O jornalismo só sobrevive porque a cada Merval existe um Jennings, e porque a cada Globo existe uma BBC.
Num desdobramento que é revelador da justiça brasileira, Jennings foi condenado a pagar uma indenização por “danos morais” que Ricardo Teixeira moveu contra ele. Isso depois que o programa da BBC fora ao ar com provas torrenciais.
O alvo principal de Jennings não é nem Havelange e nem Ricardo Teixeira, assim como não era Warner.
É Sepp Blatter, o suíço que substituiu Havelange no comando da Fifa.
Neste caso, há ainda um caminho a percorrer. Blatter tenta se
apresentar como um “reformador de costumes” na Fifa, um agente
anticorrupção.
Mas quem acredita nisso, para usar as palavras imortais de Wellington, acredita em tudo.
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.Leia mais uma matéria relacionada a corrupção no futebol brasileiro
Andrew Jennings: Brasileiros, cadê vocês? Forcem a CBF abrir o orçamento!
Ao GGN, Jennings questionou a política brasileira no fubetol: “há muito o que a democracia brasileira poderia ter feito que não fez"Vídeo e edição: Pedro Garbellini
Jornal GGN - “Pegue o Parlamento em Brasília, vote
por uma grande CPI, uma investigação com transparência e force a CBF
abrir o orçamento”, incitou o jornalista investigativo escocês Andrew
Jennings, em entrevista exclusiva ao GGN.
O premiado jornalista – que já esteve no Brasil em uma Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI), em 2011, para contar tudo o que sabe
sobre o envolvimento do presidente da Fifa Joseph Blatter, do
ex-presidente João Havelange e do presidente da CBF, Ricardo Teixeira,
em denúncias de irregularidades – acredita que nós, brasileiros,
precisamos exigir no Congresso Nacional e nos Ministérios.
Jennings elogia as manifestações que ocorreram no primeiro semestre
deste ano contra a Copa e defende que a corrupção no futebol deve ser
combatida com a pressão da população e da criação de políticas: “É pra
isso que serve a política! É o seu voto, seu poder, o poder do povo, de
todos que estão assistindo e dizendo: é o suficiente! Basta! E vamos ao
Congresso Nacional e Ministérios exigir. Vamos ver pelo o que pagamos”,
enfatizou.
O jornalista defende uma investigação sobre o desaparecimento dos
ingressos, para onde foram esses tickets e o destino da possível venda.
“Vamos computar isso e imprimir todos os tickets, todos os milhões de
ingressos. Nós podemos fazer isso. E ficaria surpreso com ingressos indo
a países sem futebol profissional, a pequenas ilhas e ao mercado
negro”.
Sobre esse direito e dever que considera dos brasileiros, Andrew
Jennings conclui que é possível: “é um trabalho muito fácil de se fazer
na democracia, então faça. Consiga o dinheiro de volta!”. E critica o
método de segurança brasileiro, com a força policial, utilizado nas
manifestações contra a Copa.
Sobre a bancada da bola no Congresso, Jennings reconhece o trabalho
de Romário, comparando-o a Ronaldo: “[Romário] está usando sua grande
reputação como um dos grandes goleadores de todos os tempos para tentar
trazer mudanças ao futebol brasileiro. Ronaldo não fez isso, fez? Não,
ele se juntou à gangue de [José Maria] Marin!”.
Até o jornalista estrangeiro sonha, um dia, com Comissões
Parlamentares de Inquérito livres no Brasil. “Eu espero que quando as
eleições acabarem, talvez ele [Romário] esteja no Senado, em alguns
meses, forçando a formação de CPIs, pelas investigações independentes”,
disse.
O atual deputado federal pelo PSB já apresentou propostas como a lei
da ficha limpa para dirigentes da CBF e federações, levou as propostas
do Bom Senso FC (BSFC) ao projeto de Responsabilidade Fiscal do Esporte
na Câmara, além de outros projetos.
Quando questionado qual era o legado da Copa do Mundo de 2014, Andrew
Jennings foi direto: “Dívida! Dívida! Dívida! Dívida! Impostos,
corrupção, mais disso, e nunca vimos os ingressos [desaparecidos]”.
Para ele, ao invés da Copa das Copas, o Brasil teve a Copa da
Coca-cola, Copa da Visa, Copa do McDonalds. “O esporte é privatizado e
depois vendido para as marcas globais”, afirma. “O dinheiro do marketing
das grandes corporações de comida saudável vai para a gangue de Sepp
Blatter”, completa.
Jennings faz duras críticas às negociações de concessão de impostos
para a realização da Copa do Mundo no Brasil. “Eu acho que Dilma deveria
ter tido a coragem de dizer: ‘eu não ligo se Lula e Teixeira assinaram!
Não vamos pôr a mostra nosso estádio, não vamos dar a vocês concessão
de impostos! Quer ter uma Copa do Mundo aqui? Pague por isso!’. Mas não
houve coragem aos brasileiros de enfrentar esse pequeno grupo de
ladrões”, disse.
E o jornalista, incomodado, questiona: “brasileiros, cadê vocês?
Deveriam estar nas ruas, vocês pagaram por isso! Pagaram com construções
caras, como o estádio do Maracanã, para os irmãos Byrom venderem e
enriquecerem. Vocês pagaram com seus impostos. E eles pegam o dinheiro e
fazem os acordos sujos”.
“Como você enxerga a corrupção no Brasil?”, perguntamos. “Duas
palavras!”, respondeu imediatamente. “A primeira é Ricardo, a segunda é
Teixeira. Mas agora, você tem três palavras, José Maria Marin”.
“Há muito o que a democracia brasileira poderia ter feito que não fez.
Legalmente, cuidar dos interesses do próprio país e do interesse no
futebol. O governo falhou, foram covardes contra um exército desarmado”,
concluiu Andrew Jennings.