CONVITE: LANÇAMENTO DO LIVRO MANÉ GARRINCHA A FLECHA FULNIÔ DAS ALAGOAS

Especial para o blog Encontro das Estrelas Botafoguenses

Convocação geral para os alvinegros da Confraria do Botafogo

"Mané Garrincha entra em campo na Copa do Mundo do Brasil"

Mário Lima - Jornalista

Wellington,

"Gostaria muito que você me ajudasse a convocar nossos queridos alvinegros para o lançamento do livro do Garrincha, é um tributo que faço a ele, a verdadeira estrela solitária. Envio um texto exclusivo para o blog, fazendo uma convocação geral aos nossos amigos botafoguenses para o blog. Nas fotos, o Mané com cara de índios, seus dribles nos russos em 62, e o alagoano Amaro pai de Garrincha de ouvido colado no rádio ouvindo a final de 58, e o cacique fulniô Francisco com sua camisa de Garrincha e quem entrevistei para o livro".
 
Um grande abraço,

Saudações botafoguenses!

Jornalista Mário Lima entrevistando Cacique Fulniô

Quero convidar todos os botafoguenses da Confraria de Alagoas a marcar presença no lançamento do meu livro, Mané Garrincha A Flecha Fulniô das Alagoas – Mestiçagem, Futebol-arte e Crônicas Pioneiras - que será lançado na próxima quarta-feira, 18, a partir das 19h30, no Museu da Imagem e do Som (MISA), na praça Dois Leões, em Jaraguá. O livro traz à tona uma história adormecida - a ancestralidade alagoana do maior gênio da bola, em plena Copa do Mundo no Brasil.

Manoel dos Santos, o Mané Garrincha (1933-1983), um dos maiores jogadores do futebol mundial de todos os tempos, bicampeão do mundo pela Seleção Brasileira na Suécia (1958) e no Chile (1962), tem suas raízes plantadas em Alagoas. Seu pai, Amaro Francisco dos Santos, é alagoano de Quebrangulo, que como o avô do jogador, Manoel Francisco, vivia como índio nômade, fugindo do julgo da escravidão imposta pelo colonialismo, até a chamada diáspora fulniô, quando parte da tribo fugiu de Águas Belas, em Pernambuco, para terras alagoanas.

Com a camisa do Botafogo, Garrincha foi campeão carioca em 1957, ano que nasci, ano de Botafogo campeão, com o Mané arrasando no Maraca.  Ele faz  parte daquele que é considerado o melhor time do Botafogo de todos os tempos ao lado de Nilton Santos, Didi, Amarildo e Zagallo, todos campeões mundiais.

A vida de Mané Garrincha é uma história de tirar o fôlego. O livro tenta mostrar os vínculos do inventor do futebol-arte com sua terra-mãe, onde chegou a jogar e a vestir o manto sagrado do Centro Sportivo Alagoano (CSA) e do gigante alvinegro ASA de Arapiraca. O trabalho traz depoimentos de jogadores alagoanos, também campeões do mundo, como Dida e Zagalo, que jogaram com Mané nas Copas, e toda a trajetória do craque, da glória ao ocaso”, assinala o autor.

Nelson Rodrigues, um dos cronistas esportivos mais importantes da história do futebol brasileiro, visionário e fã número um de Garrincha, já previa como o Brasil trataria seu herói. “Somos um povo de tão pouco amor, e com tal destino suicida, que na primeira esquina tratamos de esquecer o herói que nos restava. De 1966 para cá, Garrincha foi mais irrelevante, mais secundário, mais apagado do que um cachorro atropelado.”

A obra também resgata a importância da mestiçagem – a entrada em campo dos jogadores negros, mulatos e índios – na evolução e popularização do futebol nacional, bem como a propagação deste momento da história do futebol pela crônica esportiva pioneira.

Cacique Fulniô Francisco

Queremos lembrar aos conterrâneos e aos brasileiros que a gênese de um dos maiores jogadores de futebol do mundo foi aqui em Alagoas, em terras agrestinas e sertanejas. Foi aqui que o pai e o avô de Garrincha plantaram suas raízes de índio fulniô, para fugir do jugo da escravidão, e depois da pobreza, quando migraram para o Rio de Janeiro, onde nasceu Garrincha, a alegria do povo, a flecha fulniô que partiu das Alagoas.

O livro é tributo ao gênio da bola, que deu ao País os dois primeiros títulos mundiais, exatamente quando o Brasil recebe a Copa do Mundo, em junho.

Uma leitura contemporânea para a juventude e para quem não viu Garrincha jogar e possa saber e entender sua história de glória e ocaso, de sua importância para que o Brasil seja hoje o “País do Futebol”, hegemônico no planeta, em busca do hexacampeonato.

“Para nós, alagoanos, o livro traz um viés muito especial e que nos enche de orgulho e admiração: as raízes de Mané Garrincha estão plantadas em Alagoas, em terras do Agreste e do Sertão, onde nasceram e viveram seus pais e avós, como índios indomáveis, driblando a escravidão e a pobreza”, assinala o jornalista Márcio Canuto, na orelha do livro, que tem a apresentação do jornalista Lauthenay Perdigão e o prefácio do antropólogo Sávio de Almeida.

UM POUCO DO LIVRO PARA VOCÊS

Glórias no Botafogo

Com 20 anos, Mané protagoniza o antológico treino no Botafogo, em que fez o que quis com o lateral Nilton Santos, também da Seleção Brasileira, e que terminou com sua imediata contratação.

“O que sei é que tive muita sorte a encontrá-lo antes de qualquer outro. Cheguei para o Gentil Cardoso (técnico do Botafogo) e falei: contrata logo, senão nunca mais vou poder dormir direito. Graças a Deus ficamos no mesmo time”, revelou Nilton Santos (PLACAR, 1992).

Estreou no Botafogo em 1953. Nos dois primeiros anos não cresceu em estatura, mas ganhou dois quilos de massa muscular nas pernas. Em pouco tempo, o médico do Botafogo, doutor Neiva Monteiro, diria que elas (as pernas de Garrincha) tinham uma massa muscular “comparável à de um cavalo”.

Ainda para o “enciclopédia do futebol” Nilton Santos, “todos os jogadores do mundo são marcáveis, menos seu Mané; este, só com revólver”. No bicampeonato do Botafogo, em 1962, Garrincha arrasou o Flamengo com um placar de 3x0. Ele marcou os três gols em um jogo antológico. Ele já entrara em rota de colisão com a diretoria do clube, que não lhe pagava o salário que pedia, nem os prêmios pelas vitórias.

Mas no gramado, Garrincha não estava preocupado com isso. Estava jogando por ele e não pelo Botafogo. A estrela solitária era ele, e não o clube. A partir do terceiro gol, começou a fazer o que mais gostava – e que nunca mais conseguiria fazer: brincar de jogar futebol. Não era mais uma decisão de campeonato. Era uma pelada, uma brincadeira, como as brincadeiras entre amigos em Pau Grande (CASTRO, 1995).

Fez o último jogo pelo Botafogo em 15 de setembro de 1965, contra a Portuguesa do Rio: Bota 2x1. O último gol foi contra o Flamengo, que deu a vitória ao Botafogo.   

Com Garrincha e o ataque da Seleção Brasileira de Futebol, Botafogo foi bicampeão carioca em 1962: Garrincha, Didi, Amoroso, Amarildo, Zagallo e Vavá (Santos).

Fez 240 gols pelo Botafogo, em 12 anos de clube (1953-1965), sendo o terceiro artilheiro da história do time: Quarentinha, 313 gols, de 54 a 64; Carvalho Leite, 325 gols, de 29 a 42. Superou Heleno de Freitas, 207 gols, Jairzinho (189) e Túlio (155). Depois de Nilton Santos (719 jogos e 11 gols), foi o jogador que mais atuou pelo Botafogo, com 614 jogos.

As glórias de Garrincha no Botafogo começaram a ser ofuscadas a partir de 1963. O seu joelho direito começava a incomodar, jogou muitas vezes com aplicações e infiltrações de drogas analgésicas.

Garrincha lutou por dois anos para recuperar o joelho, em lances dramáticos e cruéis (chegava a jogar três vezes em dez dias pelo Botafogo. A cota com Garrincha era o dobro do valor do contrato). Não adiantou também procurar sua benzedeira, Maria do Meriti, ou rezar pelos santos de sua devoção, São Jorge e Santa Rita de Cássia. Garrincha teve que operar os joelhos em 1965, apesar de sua aversão a cirurgias. E nunca mais, Garrincha foi o mesmo.

Amigos botafoguenses, eu recomendo e reitero o convite do amigo Jornalista Mário Lima. Vamos todos prestigiar o lançamento do livro "Garrincha a Flecha Fulniô das Alagoas".